domingo, 10 de maio de 2009

Crônica




Várias Variáveis



A Henry Miller.
O que se esconde nas esquinas de uma cidade? Existiam várias formas para começar esse texto, mas o estômago registrou essa frase. A vida marginal que eclode dos becos escuros, a lama que escorre pelos buracos, uma bituca de cigarro no chão tudo isso é arte e da mais pura forma de arte, não aquele tipo que é para ser estudado e registrado em enciclopédias, mas sim sentido. Olhem que tal sentir uma boa fumaça de cigarro que deve ser até melhor que o ar puro, tão careta em sua escassez, é a alma da rua se manifestando em uma tragada surreal, a mentira se tornando real ou quem sabe desigual na medida que você não sabe encará-la como ideal. Você já sentiu a força que brota do chão de pedras ou quem sabe aquele cheiro de pinche molhado no final de uma noite? Sentir na pele o frio da chuva que tal?, se não sente, não tem problema vai lá fora agora se tiver chovendo se jogue no asfalto deixe ela te molhar, mas lembre-se depois dela, um copo de qualquer bebida quente faz por você o que nenhum remédio ou credo faz lembrar.
O corpo antes frio agora sente o calor da bebida acompanhar todo o percurso que sangue faz em sua rotina, parece que você pode acompanhá-lo em sua viagem, que tal sair para sentir isso na rua ? Olhe lá no fundo da rua quem aparece lá, que figura torta e sem rosto parece uma sombra de alguém. Têm um vagabundo com mão no bolso me olhando, chego de bobeira e começo a tragar seu cigarro, ele de boa dá uma risada. O aroma refrescante do lodo que se aperta pelas brechas da calçadas me convida a desbravar o beco tão escuro que logo se apresenta . Meu cabelo desgrenhado e comprido está todo molhado e o casaco que tenta me aliviar da chuva me faz espirrar. Pelas laterais imundas da rua escorre a urina e a bosta, de uns aristocratas burgueses que moram lá em cima onde os felinos furtam o nada. Veja como os prédios estão rachados, e do caos nasceram plantas, que já nasceram mortas, pela falta de criação. A chuva bate em nossa face e rasga a pele deixando aparecer os ossos e não há máscaras para esconder as falhas. Lá na frente está um néon piscando numa placa quebrada, é lá mesmo que entro.
A arte das ruas que loucura mediana horizontal, Natasha passou por aqui, muito doida derrubou o pó em cima de mim, e nem me ofereçeu, levada essa muleka.
Agora com o calor da bebida e a fumaça da tragada, você já esta pronto para sentir a viagem transviada, tudo é transgressão meu irmão, o sexo, a droga e até a religião. E que neura? aqui só tem punk cristão.

Esse texto e outros podem ser lidos ou sentidos no Blog Concreto e Asfalto: http://concretoeasfalto.wordpress.com/





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