sábado, 16 de maio de 2009

Crônica 2.0


Ao Escritor Oscar Wilde

O Velho

- Olhem que belo lago de cor barrenta, tão cheio de vida!


Estou em um lugar grande com plantas rasteiras e bichos de todas as espécies que conheço, estou só. De repente vejo um velho com um pedaço de madeira que lembra um cajado, ele caminha em minha direção, vejo sua face enrugada pelo tempo seus olhos têm uma cor estranha que lembram cegueira. Ele não fala nada só me encara como se me conhecesse. Sem pronunciar se quer uma palavra, ele sai e com o cajado aponta para que eu o siga. Embora não o conheça eu o sigo, e ele sempre vai à frente como se fosse um guia. Chegamos e paramos em frente a uma caverna, que de tão escura me assusta. Ele faz outro sinal para que eu entre nela, mesmo com certo medo o obedeço. Quando entro sinto meu corpo ser sugado como se fosse apanhado por um tufão, meu corpo gira e sai em rapidez. Dentro da caverna tamanha a surpresa, o velho vai me mostrando várias janelas e delas saem luz, quando chego perto delas vejo diversas fases de minha vida, como quando eu ganhei meu primeiro brinquedo ou quando dei meu primeiro beijo. Sinto algo que não sei explicar, como uma grande paz. Do outro lado estão janelas escuras, que de tão envelhecidas parecem de séculos atrás. O velho aponta para elas, como se mandasse que eu as visse, que coisa terrível lá estão todas as misérias que aconteceram em minha vida, como as várias vezes que chorei por alguém que não estava o meu lado. Estou tão obscuro e de repente estou fora do túnel, o velho está lá a me olhar com seus olhos cegos, mas algo me surpreende naquela boca tão marcada sai um sorriso. O velho aponta para o céu e vejo uma grande luz que toma conta de meu corpo, fecho meus olhos. Quando os abro outra vez, estou diante de um enorme guarda roupa, não vejo nenhum sinal do velho e nem de suas rugas, só uma chave no trinco da porta do guarda roupa. Minha mão corre até ela, quando a rolo sou outra vez sugado, mas não para um túnel e sim para uma enorme paisagem ensolarada, e lá longe está o velho com suas rugas e seu cajado diante um grande lago de cor barrenta. Ele deixa o cajado no chão se despe de suas roupas e vejo seu torso deteriorado e nu. Ele entra no lago e pede que eu me aproxime me assusto com o que vejo a cada vez que ele entra na água ele vai se limpando. Quando ele emerge todo seu corpo, meus olhos se brilham como nunca brilharam, uma sensação de paz e temor toma conta de mim, não pode ser. O velho sai do lago agora de águas cristalinas jovem, como pode ser? Meus olhos vêem um espelho de meu corpo, o velho sou eu.


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