domingo, 12 de abril de 2009

O escritor e o Mestre


O escritor e o Mestre

Muitas vezes as flores de uma manhã não são coloridas e nem trazem boas notícias, nessa quarta que se passou dia 07 de abril de 2009, a corte da cultura maranhense perdeu um de seus maiores representantes aos 88 anos o grande poeta e músico Antônio Vieira. Arrependo-me de nunca ter ido á um show desse grande mestre, mas suas composições sempre fizeram parte da minha vida, lembro- me como se fosse hoje de minha mãe lá nos tempos de minha meninice assobiando e recitando os versos de composições do mestre, uma delas é Cocada com seus lindos versos “ai meu deus se eu pudesse eu abria um buraco, metia os pés dentro criava raiz”. Tenho muitas recordações que se fossem para ser escritas dariam letras de sobra para uma bíblia nordestina, em que o predestinado seria o sempre Religioso Antônio Vieira com os anjos tocando suas músicas em suas harpas sagradas. Lembro de certa vez eu na minha inocência quase de criança quando ia ao centro histórico passava por uma banca de revistas onde o Velho Menino ficava as noites conversando com o dono dela que parecia ser um grande amigo seu. Esse ritual foi-se estendendo por vários dias e quando criava coragem para falar com ele, meu respeito pela arte maranhense falava mais alto, parecia até uma ofensa um simples aspirante a letras como eu querer falar com ele. Um dia como se estivesse inspirado por Apolo, finalmente criei coragem para quase que recitar palavras, foram poucos minutos, mas foram essenciais para continuação de meus sonhos e suas últimas palavras naquela noite me fazem prosseguir até hoje por esse caminho de pedras: “Quem não quer se molhar, não quer lutar por seus sonhos”.
Antônio Vieira sempre foi um grande poeta sua primeira composição foi feita os 16 anos e se chamava “Mulata Bonita” que é considerada moderna para época de sua criação. Grande Parte de suas composições se fizeram pelas experiências de sua vida desde sua infância passada próximo ao Mercado Central que sempre foi local de grandes produções sociais e culturais, ali vendo o vai e vem de comerciantes e pessoas vieram suas inspirações. Suas canções são cheias de imagens do cotidiano humilde da pobreza maranhense de onde o velho menino sempre esteve, mas a pobreza de posses e não a de espírito, pois o mestre mesmo em seus 80 e poucos anos tinha a alma do menino que corria pelas ruas do centro histórico. Apesar de compor desde novo sua obra só veio ser reconhecida na velhice, seu primeiro Cd foi feito aos 70 anos.





Antônio Vieira chegou a ter uma música em uma novela que o fez ser reconhecido nacionalmente. Saudado por músicos de renome como Zeca Baleiro que por sinal foi produtor e idealizador de seu disco "O Samba é Bom" que contou com participações de Elza Soares, Sivuca e Rita Ribeiro. O mestre sempre estará no coração e na lembrança de quem assim como ele sempre respeitou e celebrou a Música Maranhense.




( Mestre Vieira e Rita Ribeiro)

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