segunda-feira, 16 de março de 2009

Sobre Leis e Dogmas


Sobre Leis e Dogmas



Nas semanas anteriores foi bastante repercutida na mídia a notícia de que o Bispo Dom José excomungou uma mãe que autorizou e os médicos que fizeram um aborto em uma criança de 9 anos que fora estuprada por seu padrasto de 23 anos no Recife. Vieram manifestações contra a atitude do bispo de todas as partes possíveis, da grande maioria dos populares, dos artistas, de programas sensacionalistas e até mesmo do tão “educado” presidente Luís Inácio Lula da Silva. O que Coluna Nativus Slz fará apartir de agora não é determinar certos ou errados, e sim analisar um pouco as partes envolvidas, nesse caso.

Vamos primeiro adentrar ao mundo dogmático da Igreja Católica. Como todos sabem a Igreja segue um sem número de dogmas (regras absolutas), e todos aqueles que fazem parte dela, devem estudar e seguir estas regras. A maior fonte de inspiração e orientação da Igreja é a Bíblia onde de acordo com seus seguidores está a palavra absoluta e indiscutível de Deus. Um dos princípios que estão na bíblia que é um dos mais ressaltados pelos católicos é o respeito à vida, que tanto os fizeram entrar em grandes polêmicas, como no ano anterior com o julgamento sobre o uso de Células Tronco Embrionárias em pesquisas cientificas. Então mesmo em um caso de estupro eles são tendenciados a não aceitar o aborto como alternativa, pois de uma forma ou de outra ali está uma vida, no caso de Recife duas.

Partimos agora do olhar humanitário do caso. O aborto foi feito por causa do perigo à vida da menina, que de acordo com os médicos sua estrutura física não é preparada enquanto criança para uma gestação, ainda mais de gêmeos. Além disso, o estupro é um dos maiores crimes quanto à dignidade humana, é um tipo de ação que humilha e silencia sua vítima, e a lei brasileira autoriza um aborto em casos desse crime. Muitos católicos lamentaram atitude que tacharam de “conservadora”, como no caso do Presidente Molusco que comentou o assunto, “Como cristão e católico lamento profundamente que um bispo da Igreja Católica tenha um comportamento conservador como esse. Não é possível que uma menina estuprada por um padrasto tenha esse filho, até porque a menina corria risco de vida”, disse o Presidente. Outros comentaram que o “engraçado” dessa história é que o estuprador não foi excomungado pela igreja. Uma apresentadora de TV indagou os telespectadores se a religião é algo para a inclusão ou exclusão das pessoas, o que despertou uma verdadeira reflexão sobre o assunto.

Entre comentários polêmicos e atitudes de mesmo nível, o que se pode tirar dessas atitudes é que ainda está longe de acabar a eterna contenda entre fé e razão, e até que ponto elas podem se relacionar. O que as pessoas esquecem é que o Brasil é um país Laico, ou seja, de todas as “bandeiras”, aproveitando essa deixa lembro de uma crônica que li certa vez do escritor e músico Tony Belloto, que chamava atenção de que as notas de dinheiro em nosso país vêm com a seguinte frase grafada “Deus seja Louvado”, e afirmava que como um país laico pode ter em seu capital essa frase extremamente tendenciosa? O que desperta esse questionamento é que apesar de racionalismos da era hipermoderna ainda existe uma enorme sombra da religião em todos os lugares. Mas o que mais chama atenção nessa estória é que tanto o Bispo como os seus críticos, esquecem o verdadeiro criminoso e se voltam para os atacados desnecessários, o que deveria ser discutido não é a excomungação e sim porque estão agindo impunemente a cada dia, mais e mais pedófilos com suas redes de selvageria, abandonem um pouco as pedras e usem mais a reflexão. Boa viagem!

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