domingo, 28 de junho de 2009

Crônica Slz



Das Possibilidades


As possibilidades de felicidade são egoístas, assim como os ventos de uma tarde de calor na praia tentando aos poucos saciar sua vontade de desperdício, indicio de uma antiga tempestade. Todas às vezes, e foram poucas estas, as quais eu fico em frente ao mar, sinto-me com se estivesse contemplando o alívio absoluto, sabe o que é sentir como todos os seus problemas fossem nada perto daquela imensidão marinha. O vento bate na sua cara, balança seu cabelo quase te derruba sob o vai e vem das ondas, todo aquele enorme balde de milk-shake derramado e você ali fazendo parte daquele espetáculo que é a vida, nada mais importa neste instante, você só que agradecer. Não daquela forma careta, de se ajoelhar e se prostar, mas daquela forma em que os homens sábios em qualquer de suas ações sempre tem um agradecem, não ao homem, mas ao universo e a enorme qualidade de sua existência. Certa vez em uma conversa com um colega falávamos sobre o cotidiano e como as pessoas estavam tão preocupadas com nada e tudo ao mesmo tempo, eu disse a ele: - Cara fico Tristão com essa nossa geração que se preocupa tanto em encher os bolsos e vive se perdendo em meio a tantas luzes e esquecem a beleza de uma noite linda como essa. Ele até citou um trecho de uma canção do Maluco Beleza que diz: “E nas mensagens que nos chegam sem parar/ Ninguém, ninguém pode notar estão muito ocupados pra pensar”, as formigas tanto se perdem em suas filas que se esquecem de acordar, parar e contemplar a beleza das coisas simples, em todos os lugares em todos os tempos alguns homens despertaram desse sono voluntário e produziram coisas belíssimas em diversos setores, o que dizer das obras de arte de Da Vinci, das riquezas da obra de Rimbaud, da fluência musical de Kerouac, das viagens sonoras de Hendrix ou até mesmo dos golpes certeiros e ácidos de um Cazuza. Todos em algum momento de sua existência contemplaram a sua vida e o mundo e conseguiram enxergar sua lenda pessoal, mas não basta ter talento e conseguir enxergar para brilharem entre tantos rostos, o que não pode faltar são as possibilidades. Certa vez perguntaram a Thomas Edison quantas vezes ele errou até que conseguisse criar a lâmpada e ele genialmente respondeu: “Não errei nem uma vez, apenas aprendi ‘N’ maneiras de não se fazer uma lâmpada”. As possibilidades foram muitas, mas no fim de sua jornada o velho Edison conseguiu alcançar seu objetivo. Aqui o que denomino ‘possibilidades’ alguns podem denominar chances, batalhas ou simplesmente oportunidades, imagine um grande poeta sem algum empurrão de alguém próximo a ele, ou até mesmo algum amigo financeiramente agradável, não adianta alguém possuir talento se não tiver as oportunidades de se fazer grande, os erros também são possibilidades, pois sempre levam há um aprendizado. Lendo o livro o Zahir de Paulo Coelho, achei um termo que me acompanha até hoje, o chamado ‘Bancos de Favores’ que é o banco simbólico que representa as relações sociais, que em cada aplicação, ou seja, a cada ação investida ao próximo, poderá ser mais tarde resgatada com um favor deste, assim são as possibilidades nunca faça mal a outra pessoa, pois talvez daqui a algum tempo você receba um cheque sem fundo. Em frente ao mar percebemos toda a grandeza e também a pequenez do mundo e de nós mesmos, todas as vibrações que dali se manifestam adentram seu corpo como a pureza e a beleza de um sorriso infantil, mas lembre-se de não deixar que sua vontade e as possibilidades que dela brotam sejam como as ondas do mar que nascem furiosas, mas morrem sem paciência no manto de areia da praia.

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