domingo, 2 de agosto de 2009

Crônica Slz


São Luís - A Babilônia Brasileira



Seria possível afirmar que a intelectualidade ludovicense está cadavérica? Ou seria mais politicamente correto afirmar que ela está presa em seus próprios vícios acadêmicos? Ao começar esse texto com duas perguntas sobre um mesmo aspecto e sendo este tão conflituoso em sua abordagem, me aventuro por esse caminho minado não como alguém que esteja usando de uma linguagem de caráter discriminatória, mas sim de testemunha ocular e auditiva. Partiremos de um ponto essencial da história maranhense, o século XIX onde se cria o mito da Atenas Brasileira, uma construção essencialmente simbólica e elitista, apoiada pelo lucro da produção algodoeira e pela escravidão. Graças à riqueza gerada por essas atividades os filhos de famílias abastardas, são enviados a países europeus para estudarem, principalmente em Lisboa e Paris. O Mito da Atenas Brasileira deve-se principalmente a intensa atividade literária produzida nessa época, tendo como expoentes Gonçalves Dias, João Lisboa, Aluísio de Azevedo entre outros grandes nomes de nossa literatura. Apesar do marcante caráter elitista não se pode tirar o mérito desses autores tão talentosos em sua arte. Fazendo uma ponte entre o século XIX e nosso século XXI é engraçado que apesar da falta de talento, mas da abundância econômica da atual classe intelectual maranhense, essa se mostra uma verdadeira panelinha de conhecimento. Digo por experiência própria, tendo participado de diversos eventos do ramo intelectual maranhense vejo quanto se fecha o círculo de “amizades” destes senhores da sabedoria provincial ludovicense. Lembro-me perfeitamente das diversas vezes que vi algum “deputadeco” desses qualquer metido com artes das mais diversas possíveis, passar por todos com ar de superiorioridade, ou das vezes que está tendo um curral de saber e qualquer jovem se aproxima deste é escorraçado como se fosse um inferior. Dentro dos muros da academia não é diferente, só que salve algumas belas exceções, esse caráter de superioridade ideológica se estende até alguns ratos de livros graduandos que pensam que só existe vida dentro das páginas dos livros, não desmerecendo a arte a qual me uso em meus discursos, mas além das linhas e símbolos gramaticais existem muito mais vida. Quantos seres fantasmagóricos se encontram nos corredores de uma academia? Parece que as belezas da terra onde canta o sabiá se resumem ao concreto vencido das paredes acadêmicas ou das prateleiras empoeiradas de uma biblioteca. Seria necessário voltarmos ao século XIX, onde veríamos Gonçalves Dias a sofrer por causa de sua Amélia, mas agora parece que a caixa de Pandora aberta não saiu misérias, mas sim a nova, mas já em ruínas intelectualidade ludovicense. È valido ressaltar que a nova elite intelectual em termos literários não chega a ser nem ao mesmo herdeira da mítica Atenas Brasileira, pois suas produções são extremamente enfadonhas e clássicas, parece que ao utilizar termos clássicos no sentido de tornar o discurso mais erudito, não passam de uma tentativa vã e escandalosa de mascarar sua fraqueza de conteúdo e sua falta de originalidade, que o levam também a citar autores famosos em suas palestras e entrevistas em lançamentos de livros. Desde que praças começaram a ganhar nome de escritores provenientes dos tempos áureos de nossa literatura, os velhos catedráticos aumentaram suas produções escriturarias, vale ressaltar que esse aumento é com sentindo de quantidade e não qualidade, além disso, aumentaram os números de óbitos em busca da imortalidade da alcatéia de letras maranhense. Esperemos que ao se voltarem tanto ao passado literário de nossa província nossos nada talentosos e mesquinhos escritores atuais deixem de constituir uma Babilônia Brasileira e voltem a iluminar o resto do país como uma nova Atenas Brasileira.

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